Monday, October 27, 2003

Casamentos




Estou ansioso pra assistir ao último filme dos irmãos Cohen, com o galã George Clooney e a deslumbrante Catherine Zeta Jones. Clooney faz um advogado especializado em refrear os ímpetos golpistas de mulheres interesseiras, impedindo-as de concretizarem o golpe. Ironia bem conveniente aos tempos modernos.

Interessante notar que a própria Zeta Jones, ao casar-se com o ator Michel Douglas, assinou um acordo pelo qual se compromete a arcar com uma multa milionária caso venha a ser pega pulando a cerca. Tudo isso me leva a pensar na fragilidade dos casamentos. Afinal, o que leva duas pessoas a subirem num altar e se declararem amor eterno? Esta dúvida me intriga sempre que presencio um matrimônio.

E, por mais que reflita sobre o tema, chego sempre à mesma e inexorável conclusão. O casamento é, mais do que qualquer outra coisa, um mero contrato. Simples acordo de vontades a surtir efeitos na esfera civil. E contrato a prazo, ainda que indeterminado. Seu termo oscilará conforme o grau da paixão, doença que dura uns três anos no máximo, a situação econômica do casal, ou a chegada do jardineiro musculoso.

Sua debilidade já se mostra evidente na própria cerimônia. Afinal, todo aquele discurso sobre amar na alegria e na tristeza, de ser fiel, etc. e tal, é muito bonito, mas também muito frouxo. Nada muito digno de confiança. Primeiro, porque quem fala é praticamente o padre. Dos noivos, apenas é exigido um singelo aceito, coroado com o beijo. É quase que uma concordância tácita.

Por isso , já me decidi. Se um dia vier a casar, serei o responsável pelo discurso da noiva. Algo que venha realmente afiançar a convicção de sua escolha. O padre, como também todos os presentes, servirá apenas de testemunha.

Um discurso simples, algo como: Meu amor, estou aqui hoje enfeitada de branco porque descobri, ao longo de nosso relacionamento, que você, além de bonito e gostoso e admirável amante, tem a sensibilidade que falta à maioria dos mortais. Porque sei que nenhum outro homem, por mais parecido com o Brad Pitt, George Clooney ou Allan Delon, por mais inteligente, simpático e sedutor que seja, vai me despertar o mínimo interesse enquanto eu estiver ao seu lado. Porque não tenho dúvidas de que você, embora péssimo dançarino, é o único que me completa e me dá prazer.

Quero ver quem terá a cara de pau de dizer sim. E ainda que o diga ao final, será muito mais fácil identificar a farsa. Se ela hesitar na hora de pronunciar Brad Pitt ou suspirar na vez do George Clooney, meu amigo, esqueça!

O teste pré-nupcial é recomendável para quem quiser evitar surpresas desagradáveis, denunciando previamente incertezas ocultas. Quando sua namorada que se diz moderna e descolada começar a ter chiliques que a herança biológica explica, pressionando-o para o altar, faça-a ler o discurso e olhe bem nos seus olhos.

Ah, e antes que alguém pergunte, não esqueci nada não. O discurso é só pra ela mesmo...

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